Lírio do Pai, Tabor para o Mundo!!

Lírio do Pai, Tabor para o Mundo!!

29 de dezembro de 2006

Mensagem para a celebração do dia mundial da paz


1º DE JANEIRO DE 2007

BENTO XVI

A PESSOA HUMANA, CORAÇÃO DA PAZ

1. No início do ano novo, desejo fazer chegar aos Governantes e aos Responsáveis das Nações, bem como a todos os homens e mulheres de boa vontade os meus votos de paz. Envio-os, de modo particular, a quantos se encontram na tribulação e no sofrimento, a quem vive ameaçado pela violência e pela constrição das armas ou, espezinhado na sua dignidade, aguarda o próprio resgate humano e social. Envio-os às crianças que, com a sua inocência, enriquecem a humanidade de bondade e de esperança e, com o seu sofrimento, a todos nos animam a sermos obreiros de justiça e de paz. Pensando precisamente nas crianças, especialmente naquelas cujo futuro está comprometido pela exploração e pela maldade de adultos sem escrúpulos, quis que, por ocasião do Dia Mundial da Paz, a atenção se concentrasse sobre o tema: Pessoa humana, coração da paz. De fato, estou convencido de que respeitando a pessoa promove-se a paz e, construindo a paz, assentam-se as premissas para um autêntico humanismo integral. É assim que se prepara um futuro sereno para as novas gerações.

A pessoa humana e a paz: dom e missão

2. A Sagrada Escritura afirma: « Deus criou o homem à Sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher » (Gn 1,27). Por ter sido criado à imagem de Deus, o indivíduo humano possui a dignidade de pessoa; não é só alguma coisa, mas alguém, capaz de se conhecer, de se possuir e de livremente se dar e de entrar em comunhão com outras pessoas. Ao mesmo tempo, ele é chamado, pela graça, a uma aliança com o seu Criador, a dar-Lhe uma resposta de fé e amor que mais ninguém pode dar em seu lugar.(1) Nesta admirável perspectiva, compreende-se a missão confiada ao ser humano de amadurecer pessoalmente na capacidade de amar e de fazer progredir o mundo, renovando-o na justiça e na paz. Numa síntese eficaz Santo Agostinho ensina: « Deus, que nos criou sem nós, não quis salvar-nos sem nós ».(2) É, pois, um dever de todos os seres humanos cultivar a consciência do duplo aspecto de dom e de missão.

3. Do mesmo modo a paz é simultaneamente um dom e uma missão. Se é verdade que a paz entre os indivíduos e os povos — a capacidade de viverem uns ao lado dos outros tecendo relações de justiça e de solidariedade — representa um compromisso que não conhece pausa, é também verdade, antes é-o mais ainda, que a paz é dom de Deus. A paz é, com efeito, uma característica da ação divina, que se manifesta tanto na criação de um universo ordenado e harmonioso como também na redenção da história humana necessitada de ser recuperada da desordem do pecado. Criação e redenção oferecem, portanto, a chave de leitura que introduz na compreensão do sentido da nossa existência sobre a terra. O meu venerado predecessor João Paulo II, dirigindo-se à Assembléia Geral das Nações Unidas no dia 5 de Outubro de 1995, teve a ocasião de dizer que nós « não vivemos num mundo irracional ou sem sentido, mas [...] existe uma lógica moral que ilumina a existência humana e torna possível o diálogo entre os homens e os povos ».(3) A “gramática” transcendente, ou seja, o conjunto de regras da ação individual e do recíproco relacionamento entre as pessoas de acordo com a justiça e a solidariedade, está inscrita nas consciências, nas quais se reflete o sábio projeto de Deus. Como recentemente quis reafirmar, « nós cremos que na origem está o Verbo eterno, a Razão e não a Irracionalidade ».(4) A paz é, portanto, também uma tarefa que compromete cada indivíduo a uma resposta pessoal coerente com o plano divino. O critério que deve inspirar esta resposta não pode ser senão o respeito pela “gramática” escrita no coração do homem pelo seu divino Criador.

Nesta perspectiva, as normas do direito natural não hão-de ser consideradas como diretrizes que se impõem a partir de fora, como se coarctassem a liberdade do homem. Pelo contrário, devem ser acolhidas como uma chamada a realizar fielmente o projeto universal divino inscrito na natureza do ser humano. Guiados por tais normas, os povos — no âmbito das respectivas culturas — podem aproximar-se assim do maior mistério, que é o mistério de Deus. Por isso, o reconhecimento e o respeito pela lei natural constituem também hoje a grande base para o diálogo entre os crentes das diversas religiões e entre estes e os não crentes. É este um grande ponto de encontro e, portanto, um pressuposto fundamental para uma autêntica paz.

O direito à vida e à liberdade religiosa

4. O dever de respeitar a dignidade de cada ser humano, em cuja natureza se reflete a imagem do Criador, tem como conseqüência que não se possa dispor da pessoa arbitrariamente. Quem detém maior poder político, tecnológico, econômico, não pode aproveitar disso para violar os direitos dos outros menos favorecidos. De fato, é sobre o respeito dos direitos de todos que se baseia a paz. Ciente disso, a Igreja faz-se paladina dos direitos fundamentais de cada pessoa. De modo particular, ela reivindica o respeito da vida e da liberdade religiosa de cada um. O respeito do direito à vida em todas as suas fases estabelece um ponto firme de importância decisiva: a vida é um dom de que o sujeito não tem completa disponibilidade. Igualmente, a afirmação do direito à liberdade religiosa põe o ser humano em relação com um Princípio transcendente que o furta ao arbítrio do homem. O direito à vida e à livre expressão da própria fé em Deus não está nas mãos do homem. A paz necessita que se estabeleça uma clara fronteira entre o que é disponível e o que não o é: assim se evitarão intromissões inaceitáveis naquele patrimônio de valores que é próprio do homem enquanto tal.

5. Quanto ao direito à vida, cabe denunciar o destroço de que é objeto na nossa sociedade: junto às vítimas dos conflitos armados, do terrorismo e das mais diversas formas de violência, temos as mortes silenciosas provocadas pela fome, pelo aborto, pelas pesquisas sobre os embriões e pela eutanásia. Como não ver nisto tudo um atentado à paz? O aborto e as pesquisas sobre os embriões constituem a negação direta da atitude de acolhimento do outro que é indispensável para se estabelecerem relações de paz estáveis. Mais: no que diz respeito à livre manifestação da própria fé, outro sintoma preocupante de ausência de paz no mundo é representado pelas dificuldades que freqüentemente tanto os cristãos como os adeptos de outras religiões encontram para professar pública e livremente as próprias convicções religiosas. No caso particular dos cristãos, devo ressaltar com tristeza que por vezes não se limitam a criar-lhes impedimentos; em alguns Estados são mesmo perseguidos, tendo-se registrado ainda recentemente episódios de atroz violência. Existem regimes que impõem a todos uma única religião, enquanto regimes indiferentes alimentam, não uma perseguição violenta, mas um sistemático desprezo cultural quanto às crenças religiosas. Em todo o caso, não se respeita um direito humano fundamental, com graves repercussões sobre a convivência pacífica, o que não deixa de promover uma mentalidade e uma cultura negativas para a paz.

A igualdade de natureza de todas as pessoas

6. Na raiz de não poucas tensões que ameaçam a paz, estão certamente as inúmeras injustas desigualdades ainda tragicamente presentes no mundo. De entre elas são, por um lado, particularmente insidiosas as desigualdades no acesso a bens essenciais, como a comida, a água, a casa, a saúde; e, por outro lado, as contínuas desigualdades entre homem e mulher no exercício dos direitos humanos fundamentais.

Constitui um elemento de primária importância para a construção da paz o reconhecimento da igualdade essencial entre as pessoas humanas, que brota da sua transcendente dignidade comum. A igualdade a este nível é, pois, um bem de todos inscrito naquela “gramática” natural que se deduz do projeto divino da criação; um bem que não pode ser descurado ou desprezado sem provocar pesadas repercussões que põem em risco a paz. As gravíssimas carências de que sofrem muitas populações, especialmente no Continente africano, estão na origem de violentas reivindicações e constituem assim um tremendo golpe infligido à paz.

7. A mesma insuficiente consideração pela condição feminina introduz fatores de instabilidade no ordenamento social. Penso na exploração de mulheres tratadas como objetos e nas numerosas formas de falta de respeito pela sua dignidade; penso também — num contexto distinto — nas visões antropológicas persistentes em algumas culturas, que reservam à mulher uma posição ainda fortemente sujeita ao arbítrio do homem, com conseqüências lesivas da sua dignidade de pessoa e para o exercício das próprias liberdades fundamentais. Não devemos iludir-nos de que a paz esteja assegurada enquanto não forem superadas também estas formas de discriminação, que lesionam a dignidade pessoal, inscrita pelo Criador em cada ser humano.(5)

A « ecologia da paz »

8. Na Carta Encíclica Centesimus annus escreve João Paulo II: « Não só a terra foi dada por Deus ao homem, que a deve usar respeitando a intenção originária de bem, segundo a qual lhe foi entregue; mas o homem é doado a si mesmo por Deus, devendo por isso respeitar a estrutura natural e moral, de que foi dotado ».(6) É respondendo a esta incumbência, que lhe foi confiada pelo Criador, que o homem, juntamente com seus semelhantes, pode dar vida a um mundo de paz. Assim, ao lado da ecologia da natureza existe uma ecologia que podemos designar “humana”, a qual, por sua vez, requer uma “ecologia social”. E isto requer que a humanidade, se tem a peito a paz, tome consciência cada vez mais das ligações existentes entre a ecologia natural, ou seja, o respeito pela natureza, e a ecologia humana. A experiência demonstra que toda a atitude de desprezo pelo ambiente provoca danos à convivência humana, e vice-versa. Surge assim com mais evidência um nexo incindível entre a paz com a criação e a paz entre os homens. Uma e outra pressupõem a paz com Deus. A poesia-oração de S. Francisco, conhecida também como « Canção do Irmão Sol », constitui um admirável exemplo — sempre atual — desta variegada ecologia da paz.

9. Quão seja estreito este nexo entre uma e outra ecologia ajuda-nos a compreender o problema, cada dia mais grave, do abastecimento energético. Nestes anos, novas Nações entraram decididamente no sector da produção industrial, aumentando as necessidades energéticas. Isto está a provocar uma corrida sem precedentes aos recursos disponíveis. Entretanto, persistem ainda em algumas regiões do planeta situações de grande atraso, onde o desenvolvimento está praticamente bloqueado devido também ao aumento dos preços da energia. Que acontecerá àquelas populações? Que tipo de desenvolvimento ou de não-desenvolvimento lhes será imposto pela escassez de reabastecimento energético? Que injustiças e antagonismos provocarão a corrida às fontes de energia? E como reagirão os excluídos desta corrida? Estas perguntas põem em evidência quanto o respeito pela natureza esteja intimamente ligado à necessidade de tecer entre os homens e entre as Nações relações respeitadoras da dignidade da pessoa e capazes de satisfazer as suas autênticas necessidades. A destruição do ambiente, um uso impróprio ou egoísta do mesmo e a apropriação violenta dos recursos da terra geram lacerações, conflitos e guerras, precisamente porque são fruto de um conceito desumano de desenvolvimento. Com efeito, um desenvolvimento que se limitasse ao aspecto técnico-econômico, descurando a dimensão moral-religiosa, não seria um desenvolvimento humano integral e terminaria, ao ser unilateral, por incentivar as capacidades destruidoras do homem.

Visões redutivas do homem

10. É urgente, portanto, mesmo no quadro das atuais dificuldades e tensões internacionais, empenhar-se em dar vida a uma ecologia humana que favoreça o crescimento da “árvore da paz”. Para tentar semelhante empresa é necessário deixar-se guiar por uma visão da pessoa não viciada por preconceitos ideológicos e culturais ou por interesses políticos e econômicos, que incitem ao ódio e à violência. É compreensível que as visões do homem variem nas distintas culturas. Mas o que não se pode admitir é que sejam cultivadas concepções antropológicas que contenham nelas mesmas o germe da contraposição e da violência. São igualmente inaceitáveis concepções de Deus que estimulem o descaso para com os próprios semelhantes e o recurso à violência contra eles. Trata-se de um dado em que se deve insistir com clareza: uma guerra em nome de Deus jamais é aceitável. Quando uma certa concepção de Deus está na origem de fatos criminosos, é sinal de que tal concepção já se transformou em ideologia.

11. Hoje, porém, a paz não é posta em discussão só pelo conflito entre as visões redutivas do homem, ou seja entre as ideologias. É-o também pela indiferença face àquilo que constitui a verdadeira natureza do homem. Muitos contemporâneos negam, com efeito, a existência de uma específica natureza humana, tornando assim possível as interpretações mais extravagantes dos constitutivos essenciais do ser humano. Também aqui faz falta a clareza: uma visão “débil” da pessoa, que deixe espaço a qualquer concepção excêntrica, só aparentemente favorece a paz. Na verdade, impede o diálogo autêntico e abre o caminho à intervenção de imposições autoritárias, terminando assim por deixar a própria pessoa indefesa e, conseqüentemente, presa fácil da opressão e da violência.

Direitos humanos e Organizações internacionais

12. Uma paz verdadeira e estável pressupõe o respeito dos direitos do homem. Mas se estes direitos se baseiam numa concepção débil da pessoa, como não hão-de ficar também eles enfraquecidos? Daqui se vê claramente a profunda insuficiência de uma concepção relativista da pessoa, quando se trata de justificar e defender os seus direitos. A aporia neste caso é patente: os direitos são propostos como absolutos, mas o fundamento aduzido para eles é apenas relativo. Causará surpresa se, diante das exigências “incômodas” postas por um direito ou outro, aparecer alguém a contestá-lo ou decidir ignorá-lo? Somente radicados em instâncias objetivas da natureza dada ao homem pelo Criador, é que os direitos a ele atribuídos podem ser afirmados sem medo de contestação. De resto, é evidente que os direitos do homem, por sua vez, implicam deveres. Bem o afirmava a propósito Mahatma Gandi: « O Gange dos direitos desce do Himalaia dos deveres » Somente deixando claro este pressuposto de base é que os direitos humanos, hoje sujeitos a contínuos ataques, podem ser adequadamente defendidos. Sem esta clareza, acaba-se por utilizar a mesma expressão, precisamente ‘direitos humanos', mas subentendendo sujeitos bem distintos entre si: para uns, a pessoa humana dotada de dignidade permanente e de direitos sempre válidos, em toda a parte e para todos; para outros, uma pessoa de dignidade mutável e de direitos sempre negociáveis nos conteúdos, no tempo e no espaço.

13. À tutela dos direitos humanos fazem constante referência os Organismos internacionais e, de modo particular, a Organização das Nações Unidas que, com a Declaração Universal de 1948, se propôs, como missão fundamental, promover os direitos do homem. Tal Declaração é vista como uma espécie de compromisso moral assumido por toda a humanidade. Isto encerra uma verdade profunda, sobretudo se os direitos humanos descritos na Declaração são considerados como detentores de fundamento não simplesmente na decisão da assembléia que os aprovou, mas na mesma natureza do homem e na sua inalienável dignidade de pessoa criada por Deus. É, portanto, importante que os Organismos internacionais não percam de vista o fundamento natural dos direitos do homem. Isto preservá-los-á do risco, infelizmente sempre latente, de resvalar para uma interpretação meramente positivista. Se isso acontecesse, os Organismos internacionais terminariam carecendo da autoridade necessária para desempenhar o papel de defensores dos direitos fundamentais da pessoa e dos povos, motivo principal da sua mesma existência e atividade.

Direito internacional humanitário e direito interno dos Estados

14. A partir da consciência de que existem direitos humanos inalienáveis ligados com a natureza comum dos homens, foi elaborado um direito internacional humanitário, a cuja observância os Estados se comprometem mesmo em caso de guerra. Isto infelizmente não encontrou coerente atuação, prescindindo do passado, em algumas situações de guerra acontecidas recentemente. Foi o que se deu, por exemplo, no conflito que há alguns meses, teve por cenário o sul do Líbano, quando a obrigação de proteger e ajudar as vítimas inocentes e de não envolver a população civil foi em grande parte desatendida. O doloroso episódio do Líbano e a nova configuração dos conflitos, sobretudo desde que a ameaça terrorista pôs em prática inéditas modalidades de violência, requerem que a comunidade internacional reafirme o direito internacional humanitário e o aplique a todas as situações atuais de conflito armado, incluindo as não previstas pelo direito internacional em vigor. Além disso, a praga do terrorismo postula uma reflexão aprofundada sobre os limites éticos que são inerentes ao uso dos instrumentos atuais de tutela da segurança nacional. Com freqüência sempre maior, com efeito, os conflitos não são declarados, sobretudo quando os provocam grupos terroristas decididos a alcançar por qualquer meio os seus fins. Face aos desconcertantes cenários destes últimos anos, os Estados não podem deixar de sentir a necessidade de dotar-se de regras mais claras, capazes de contrastar eficazmente o extravio dramático que estamos assistindo. A guerra representa sempre um insucesso para a comunidade internacional e uma grave perda de humanidade. Mas quando, apesar de tudo, ela acontece, convém pelo menos salvaguardar os princípios essenciais de humanidade e os valores básicos de toda a convivência civil, estabelecendo normas de comportamento que limitem ao máximo os seus danos e procurem aliviar os sofrimentos dos civis e de todas as vítimas dos conflitos.(7)

15. Outro elemento causador de grande inquietação é a vontade, manifestada recentemente por alguns Estados, de possuírem armas nucleares. Isto fez com que se acentuassem ainda mais o generalizado clima de incerteza e de medo por uma possível catástrofe atômica. O que faz retornar à lembrança o passado, aquelas ânsias desgastantes do período da assim chamada “guerra fria”. Desde então esperava-se que o perigo atômico estivesse definitivamente afastado e que o suspiro de alívio dado pela humanidade pudesse finalmente durar. Como se revela atual, a este respeito, a admoestação do Concílio Ecumênico Vaticano II: « Toda a ação bélica que tende indiscriminadamente à destruição de cidades inteiras ou vastas regiões e seus habitantes é um crime contra Deus e o próprio homem, que se deve condenar com firmeza e sem hesitação ».(8) Infelizmente sombras ameaçadoras continuam adensando-se no horizonte da humanidade. O caminho para garantir um futuro de paz para todos é constituído não somente por acordos internacionais que visem a não proliferação das armas nucleares, mas também pelo esforço de procurar com determinação a sua diminuição e definitiva abolição. Não se poupem esforços para se chegar, pela negociação, a alcançar, tais finalidades! Está em jogo o destino de toda a família humana!

A Igreja em defesa da transcendência da pessoa humana

16. Desejo, enfim, dirigir um premente apelo ao Povo de Deus, a fim de que cada cristão sinta-se comprometido a ser incansável promotor de paz e acérrimo defensor da dignidade da pessoa humana e dos seus direitos inalienáveis. Agradecido ao Senhor por tê-lo chamado a pertencer à sua Igreja — que, no mundo, é « sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana »,(9) o cristão não se cansará de Lhe implorar o bem fundamental da paz, que tanta importância tem na vida de cada um. Além disso, ele sentirá o orgulho de servir com generosa dedicação a causa da paz, indo ao encontro dos irmãos, especialmente daqueles que, além de sofrer pobreza e privações, estão também privados deste precioso bem. Jesus revelou-nos que « Deus é amor » (1 Jo 4,8) e que a vocação maior de cada pessoa é o amor. Em Cristo, podemos encontrar as supremas razões para nos tornarmos paladinos seguros da dignidade humana e corajosos construtores de paz.

17. Portanto, jamais deixe de faltar a colaboração de cada crente para a promoção de um verdadeiro humanismo integral, conforme os ensinamentos das Cartas Encíclicas Populorum progressio e Sollicitudo rei socialis, das quais nos preparamos para celebrar precisamente este ano o 40o e o 20o aniversário. À Rainha da Paz, Mãe de Jesus Cristo “nossa paz” (Ef 2,14), confio a minha instante súplica por toda a humanidade no início do ano de 2007, que vislumbramos — mesmo entre perigos e problemas — com o coração cheio de esperança. Seja Maria a mostrar-nos no seu Filho o Caminho da paz, e ilumine os nossos olhos, para que saibamos reconhecer o seu Rosto no rosto de cada pessoa humana, coração da paz!

Vaticano, 8 de dezembro de 2006.

Papa Bento XVI



Obs: Texto retirado do site www.cnbb.com.br

28 de dezembro de 2006

Relembrando...



Dia 20 de agosto de 2005!!!!!
Aliança de Amor e Santuário Lar!!!!!
"Eu pertenço à Mãe e Ela me pertence é a nossa Aliança de Amor"

26 de dezembro de 2006

Belo Horizonte


"Pode-se olhar as montanhas, atrás, e dizer: belo horizonte! Pode-se olhar olhar a cidade, e se deve dizer: belo horizonte! Mas, sobretudo, pode-se olhar para vocês e se deve dizer: que belo horizonte! (Papa João Paulo II)

Não tenhais medo... de construir a História

" O primeiro apelo que vos quero fazer, homens e mulheres jovens de hoje, é este: não tenhais medo! Não tenhais medo de vossa própria juventude, nem dos desejos profundos que experimentais de felicidade, de verdade, de beleza e de amor duradouro! Diz-se, por vezes, que a sociedade teme essas vossas aspirações ardorosas de jovens e que vós próprios tendes medo delas.
Não tenhais medo! Quando olho para vós, jovens, sinto uma profunda gratidão e uma grande esperança. O futuro de boa parte deste século está em vossas mãos.
O futuro da paz está nos vossos corações.
Para construir a História, como vós podeis e deveis fazer, é preciso que a livres dos falsos caminhos pelos quais ela está enveredando.
E para conseguir isso deveis ter uma profunda confiança no homem e uma profunda confiança na grandeza da vocação humana - uma vocação que deve ser realizada com respeito pela verdade, pela dignidade e pelos direitos invioláveis da pessoa humana."
(Mensagem do Papa João Paulo II, Dia Mundial da Paz, 1985)

18 de dezembro de 2006

Rumo à V conferência do CELAM

João Batista sabe que o reino de Deus não é anunciado somente pela palavra. Pede atos. Produzir frutos é o imperativo do profeta. Jesus Cristo seguirá tal tradição, afastando-se dos puros doutores de ensinamentos para a inteligência. João e Jesus batem na tecla da conversão do coração, centro da pessoa. E daí brotam as boas ações.
Os exemplos do evangelho pertencem ao mundo simbólico: doar uma túnica, dividir a comida, não exigir o imposto além do legal, não extorquir. O simbólico não diminui a força da realidade, mas amplia-a para além dos casos indicados. O símbolo está para ligar, ajuntar, conjugar elementos separados, mas internamente pertinentes.
Como esses sinais de João soam hoje aos ouvidos de um continente chamado a ser discípulo e missionário, tendo em vista a vida dos povos?A veste, a comida, a justiça social e a superação da violência institucional tornam-se símbolos bem atuais.
A roupa cobre o corpo, arrancando-o da indignidade da miséria que não o consegue proteger. Mas, ela pede a casa como a sua prolongação. A moradia veste a família contra as intempéries da natureza e as agressões da sociedade. Num continente de milhões de sem-casa e sem-terra, a pregação de João se chama plano habitacional, reforma agrária. Para muitos, a posse da terra é condição de moradia. E a casa se faz requisito de humanidade.
Partilhar o alimento recebe vários nomes sociais: distribuição de renda, acesso aos minicréditos, programa Fome Zero. O cristianismo, na esteira dessa inspiração evangélica, ao longo dos séculos, cumpriu, de mil maneiras, essa missão de luta contra a fome.
E, finalmente, o último apelo de João ecoa hoje como um grito contra a violência, selvagem e institucional, em prol da paz.
J.B. Libanio

16 de dezembro de 2006

Tabor da Liberdade


Opa!!! Chegando ao nosso Santuário...
Aqui é bom estar!!!

15 de dezembro de 2006

Artigo: Maravilhas do Mistério do Natal- Frei José Ariovaldo

Um dos maiores prazeres que sinto é o de sair para o sertão e, lá, de noite, contemplar o céu estrelado. É algo realmente encantador... São milhões e milhões de estrelas e astros... Quem será capaz de contá-los? E fico imaginando também a imensidão desse espaço. Até onde vai? Aonde termina? Se é que em algum lugar termina... As distâncias nem podem ser mais contadas em quilômetros, mas em anos-luz. O que é um ano-luz? É a distância que um raio de luz percorre durante um ano numa velocidade de 300.000 km por segundo (que é a velocidade da luz). E temos estrelas a 100.000 anos-luz de distância daqui, e até muitíssimo mais!... Galáxias a milhões de anos-luz... Dizer que esse universo é imenso é muito pouco!... E o nosso “planeta terra” neste contexto? Proporcionalmente falando, não passa de um minúsculo grãozinho de pó. Menor ainda!... E sobre ele rastejam esses “micro-organismos” chamados seres humanos, que somos nós.

De repente, descobrindo-me tão pequeno no meio desta imensidão cósmica, lembro-me do Natal e levo como que um susto. Mas, no embalo deste susto, também mergulho numa contemplação que (usando a expressão poética de Ruben Alves) “me faz cócegas na alma”. Lembro-me que o Verbo eterno, criador de tudo isso, se faz pequenino, muito pequenino, micro-pequenino sobre este nosso chão tão pequeno. Aqui, por obra do Espírito Santo, torna-se um embriãozinho humano no seio da Virgem Maria. Depois, após longos meses de carinhosa gestação, a criança vem à luz, frágil como toda criança, dependente dos cuidados da mãe. Aliás, não teve nem mesmo um lugar para nascer. Foi nascer num estábulo, deitado sobre as palhas de uma manjedoura, entre o boi e o burro. Ei-lo: o Verbo criador deste universo infindo, feito mínimo do mínimo, micro-pequenino sobre este minúsculo planeta terra... É muita humildade! É amor demais por nós que, em nosso orgulho, nos rebelamos contra Ele.

O Verbo eterno de Deus criador, subsistindo na condição de Deus, se abaixa à condição de um simples ser humano feito servo de todos e, desta maneira, vem nos resgatar a “cidadania” divina que havíamos perdido... O Verbo eterno se faz nosso irmão e, desta maneira, podemos agora sentir Deus como nosso “parente” mais próximo, ou seja, nosso Pai. Conseqüentemente, na qualidade de filhos e filhas de Deus, sentimo-nos também “parentes”, os mais próximos, uns dos outros, irmãos e irmãs, irmanando-nos todos na busca da paz. E então cantamos: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).

Por isso a Igreja, na voz do ministro que preside a celebração litúrgica da festa de Natal, reza com alegria e confiança: “Ó Deus, que admiravelmente criastes o ser humano e mais admiravelmente restabelecestes a sua dignidade, dai-nos participar da divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade...” (Oração do dia de Natal). E o povo todo responde com entusiasmo: “Amém” (que quer dizer: É isso mesmo! E que assim seja!).

Depois, na Liturgia eucarística do mesmo dia, diante de Deus, nosso Pai santo, a Igreja também proclama: “Por ele (Cristo), realiza-se hoje o maravilhoso encontro que nos dá vida nova em plenitude. No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Prefácio do Natal do Senhor III).

Enfim, depois de participamos neste dia da entrega maior de Jesus pela nossa salvação, isto é, depois de participarmos do seu mistério pascal na divina Eucaristia, depois que recebemos o seu corpo entregue e o seu sangue derramado, sob as espécies de pão e vinho, então a Igreja faz esta belíssima oração: “Ó Deus de misericórdia, que o Salvador do mundo hoje nascido, como nos fez nascer para a vida eterna, nos conceda também sua imortalidade. Por Cristo, nosso Senhor”. E todos respondem de novo com confiança renovada: “Amém!” (isto é: Que assim seja de verdade!) (Oração depois da comunhão).

Perguntas para reflexão pessoal e em grupos:

1. Que sentimentos e recordações significativas o Natal evoca em você?

2. O que celebramos na liturgia do Natal?

3. Que esperanças o Natal alimenta em nós?

4. Qual a melhor maneira de celebrar o Natal?

Obs: Artigo tirado do site www.cnbb.com.br

Oração da Entrega do Cetro


Querida Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt! Rainha do reino Lirial! Nos te saudamos como Rainha Imaculada, nosso modelo, nossa Mãe e Educadora!
Nossos corações se abrasam em santo amor e alegria, pois chegou a nossa hora de entregar-te o cetro, para que ajas em nós e que, assumindo o teu Reino, com verdadeiro ardor apostólico , tenhamos coragem de lutar contra a massificação que envolve o mundo.
Trazemos-te o cetro lirial, expressão do nosso amor e confiança em ti. Queremos ser uma geração que se entrega sem reservas, por meio de sacrifícios e grandes aspirações.
Aceita, ó Mãe, o cetro lirial e reina no coração de cada jovem, conservando intacto o lírio da pureza e ajudando-nos a ser Ver Sacrum, para que possamos assumir nossa missão de resgatar a dignidade feminina.
Querida Mãe e Rainha, ajuda-nos para que sejamos fieis a essa entrega e a tudo o que nela propusermos. Cuida que cresçamos no Reino do amor e da pureza, da liberdade e da alegria, da confiança vitoriosa no teu poder para assim construirmos uma Primavera Sagrada.
Amém

1996-2006 - 10 anos de Ideal Nacional

Neste ano de 2006, a Juventude Feminina comemorou seus 75 anos de fundação, mas no Brasil temos a graça de, junto aos outros jubileus, também comemorarmos os 10 anos da descoberta de nosso ideal nacional "Lírio do Pai, Tabor para o mundo".
Ter um ideal é dar um sentido à vida, é nortear todos os nossos passos e ter certeza de que todas as nossas ações são orientadas poe um único propósito. Muitos jovens padecem no mundo de hoje justamente por não term um nobre ideal.
A juventude Feminina sempre teve Maria como sua essência, sua origem e seu fim. Mas há dez anos nós fomos presenteadas, pela inspiração divina, com a "tradução" em palavras daquele espiríto que sempre guiou e sempre guiará todas as nossas gerações: Lírio do Pai, Tabor para o Mundo. Esta foi uma uma maneira de reunir em uma expressão comum os anseios de nossos corações acerca do nosso modo de vida e da missão que nos foi confiada.
Nos alegramos por Deus ter confiado a cada uma de nós este ideal e, com gratidão, voltamo-nos a Maria, suplicando sua constante presença em nossas vidas e entregando a Ela nosso coração, para que seja transformado em um cálice aberto ao amor e a vontade de Deus Pai, e em propagador desse amor a todo o mundo.
Como uma forma concreta de rendermos graças à nossa Mãe por estes 10 anos de caminhada com nosso Ideal Nacional, juntamente aos outros jubileus, entregamos a Ela o poder sobre nossas vidas, ou seja, colocar em suas mãos o Cetro Real, realizando assim a nossa entrega pessoal e assumindo o compromisso de vivermos à luz da Sagrada Primavera.

Mãe, Eis-me aqui, sou tua Primavera Sagrada!
Empunha o Cetro!
Lírio do Pai Tabor, Para o mundo!
Lívia Bustamante

14 de dezembro de 2006

Cantoras...




15 de outubro de 2006. Festa da Aliança de Amor no Santuário Tabor da Liberdade Confins/MG.
Juventude cantando e encantando!!!!!

Relembrando... A chegada da coroa!!!!!



"Muita emoção e alegria marcaram a chegada da Rainha da Promessa e da Coroa Lirial, na Paróquia de Santo Afonso, no bairro Renascença, em Belo Horizonte. No dia 7 de maio, a Imagem de nossa Mãe e Rainha, coroada como Rainha da Promessa foi recepcionada com muito amor pelas jovens de Belo Horizonte e Lagoa Santa/ MG." Flávia Carvalho

13 de dezembro de 2006

A Flor da Honestidade

Conta-se que por volta do ano 250 AC., na China antiga, um príncipe estava às vésperas de ser coroado imperador, mas de acordo com a lei, ele deveria se casar. Assim sendo, ele resolveu fazer uma “disputa” entre as moças que se achassem dignas de sua proposta. Anunciou, então, que receberia, numa celebração especial, todas as pretendentes e lançaria um desafio.

Uma senhora, serva do palácio há muitos anos, ouvindo os comentários sobre os preparativos, sentiu uma leve tristeza, pois sabia que sua filha nutria um profundo amor pelo príncipe. Ao chegar em casa e relatar o fato à jovem, espantou-se por ele pretender ir à celebração e indagou incrédula:
_ “Minha filha, o que você fará lá? Estarão presentes as mais belas e ricas moças da corte. Tire essa idéia da cabeça!” Ao que a filha respondeu:
_“Sei, querida mãe, que jamais poderei ser a escolhida, mas é minha oportunidade de ficar pelo menos alguns momentos perto do príncipe, o que já me deixa feliz”.

À noite, a jovem chegou ao palácio. Lá estavam, de fato, todas as mais belas moças, com as mais belas roupas, com as mais belas jóias e com as mais determinadas intenções. Então o príncipe anunciou o desafio:
_”Darei a cada uma de vocês uma semente. Aquela que, dentro de seis meses me trouxer a mais bela flor, será escolhida minha esposa e futura imperatriz da China”.
A proposta do príncipe não fugiu às profundas tradições daquele povo, que valorizava muito a especialidade de cultivar algo, sejam costumes, amizades, relacionamentos, etc.

O tempo passou e a jovem, apesar da falta de habilidade nas artes de jardinagem, cuidava com paciência e ternura da sua semente, sabendo que se a beleza da flor surgisse na mesma extensão do seu amor, ela não precisaria se preocupar com o resultado.

Decorrido três meses, nada havia nascido, apesar dos diversos métodos usados. E a jovem ia percebendo cada vez mais longe o seu sonho. Por fim, os seis meses se passaram e nada brotou. Consciente do seu esforço e dedicação, a moça decidiu que, independente das circunstâncias, retornaria ao palácio, na data e hora combinadas, pretendendo apenas mais alguns momentos na companhia do príncipe.

Na hora marcada, estava lá com seu vaso, bem como todas as outras pretendentes, cada uma com uma flor mais bela que a outra, das mais variadas formas e cores. Finalmente, chega o momento esperado e o príncipe observa cada uma das pretendentes com muito cuidado e atenção. Após passar por todas, ele anuncia o resultado e indica a bela jovem como sua futura esposa.

As pessoas tiveram as mais inesperadas reações. Ninguém compreendeu porque ele escolheu justamente aquela que nada havia cultivado. Então calmamente, o príncipe esclareceu:
_”Esta foi a única que cultivou a flor que a tornou digna de se tornar uma imperatriz – a flor da honestidade – pois todas as sementes que entreguei eram estéreis”.

Nossa Mãe


Mãe Rainha Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt!!!!
Te saudamos como Nossa Rainha. Empunha o Cetro!!

Com Maria, preparando o Advento

Iniciamos um Novo Ano da Igreja com o tempo líturgico chamado Advento. A teologia católica põe para nossa reflexão a presença de três personagens muito especiais: Isaías, João Batista e Maria, Mãe de Jesus. Isaías nos fala da grande esperança que confortou o povo eleito durante tempos difíceis de sua história, e continua hoje com sua mensagem de esperança para todos nós.

João Batista, preparando os caminhos do Senhor, significa para os nossos dias o vigor e a determinação de todos aqueles que desejam vivenciar um Natal verdadeiramente cristão. Maria ocupa um lugar privilegiado na história da salvação. "Em Maria, se manifesta o mistério da presença do Senhor." Diante da proposta de Deus, Ela responde profundamente com um sim cheio de generosidade. "Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a vossa palavra." (Ir. Marlene Bertodi CIIC)

Essas figuras maiores cumprindo a sua missão continuam sendo para nós modelo e inspiração convidando-nos a uma preparação para o Natal despojados dos condicionamentos mercantilistas para celebrar o nascimento do MENINO-DEUS.

Poderíamos perguntar a nós mesmos: nos caminhos do Advento onde nos encontramos? Qual o esforço que fazemos como caminheiros guiados pela estrada de Belém? A figura de Maria por nós venerada sob o título Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt é fonte permanente de uma espiritualidade bem humana e humanizadora, pois foi ela quem nos deixou o seguinte recado: "Fazei tudo o que Ele vos disser". (Jô 2,5)
Pe. João de Deus Dantas (Assistente Arquidiocesano do MAS)