Os exemplos do evangelho pertencem ao mundo simbólico: doar uma túnica, dividir a comida, não exigir o imposto além do legal, não extorquir. O simbólico não diminui a força da realidade, mas amplia-a para além dos casos indicados. O símbolo está para ligar, ajuntar, conjugar elementos separados, mas internamente pertinentes.
Como esses sinais de João soam hoje aos ouvidos de um continente chamado a ser discípulo e missionário, tendo em vista a vida dos povos?A veste, a comida, a justiça social e a superação da violência institucional tornam-se símbolos bem atuais.
A roupa cobre o corpo, arrancando-o da indignidade da miséria que não o consegue proteger. Mas, ela pede a casa como a sua prolongação. A moradia veste a família contra as intempéries da natureza e as agressões da sociedade. Num continente de milhões de sem-casa e sem-terra, a pregação de João se chama plano habitacional, reforma agrária. Para muitos, a posse da terra é condição de moradia. E a casa se faz requisito de humanidade.
Partilhar o alimento recebe vários nomes sociais: distribuição de renda, acesso aos minicréditos, programa Fome Zero. O cristianismo, na esteira dessa inspiração evangélica, ao longo dos séculos, cumpriu, de mil maneiras, essa missão de luta contra a fome.
E, finalmente, o último apelo de João ecoa hoje como um grito contra a violência, selvagem e institucional, em prol da paz.
J.B. Libanio
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